A mudança no caso é ao pé da letra [eu vou sair da casa dos meus pais]. Mas comigo acontece sem precisar ser uma mudança literal. Uma mudança interna, ou até externa do tipo nova escola, novo emprego, primeiro dia na pós, enfim, eu costumo dizer que tenho problemas com “primeiros dias”.
Eu lembro da primeira vez que eu tive insônia, da primeira vez que eu tive noção que precisava dormir e não conseguia por estar muito ansiosa para aquilo. Era o meu primeiro dia da escola na quinta série. Eu criei muitas expectativas: mudança de escola, de turma, quase nenhum dos meus amigos iriam para a mesma escola que eu, e eu coloquei na cabeça que a escola ia ser incrível, assim como os filmes nos faz acreditar.
Fiquei horas olhando para o teto, falando para mim mesma que eu tinha que dormir, mas não conseguindo, então simplesmente eu decidi que eu iria planejar meu dia todo, e acabei dormindo depois de algum tempo. Nesse dia eu descobri duas coisas: como acabar com a minha insônia e de que eu conseguia acordar bem com poucas horas de sono.
Não lembro como foi aquele primeiro dia, mas eu sei que eu não gosto muito da sensação de ir para lugares onde eu não conheça as pessoas, e tenho que fazer amizades, conversar com as pessoas para conhecê-las. Não, eu não sou antissocial [apesar de parecer lendo isso], mas o que eu quero dizer é que eu prefiro quando as coisas já estão no meio, quando você já sabe sobre o que falar com a pessoa do lado, porque sabe que ela tem um filho de três anos que adora pintar, por exemplo.
Agora estou indo para mais uma nova etapa da minha vida, eu desejei muito esse dia, eu planejei ele de muitas formas na minha cabeça [nenhuma delas é a forma que está acontecendo, mas enfim], e agora que falta muito pouco para ele se concretizar, eu fico desejando acelerar um pouquinho e já estar “no meio do processo”, adaptada, com as coisas mais tranquilas sem essa agitação interior.
Claro que eu pretendo curtir esse início, porque eu mereço esse momento, sabe, mas ao mesmo tempo, faltando menos de 15 dias eu parei de fazer ioga, não consigo seguir minha rotina [que eu tanto prezo], estou acordando em horários diferentes porque simplesmente fico travada, ao invés de fazer ioga para me acalmar, eu fico vendo feed de apartamentos no instagram, poderia estar lendo, estudando ou assistindo série, mas eu fico no pinterest, ou jogando candy crush porque meu cérebro está muito acelerado para focar.
Claro que não está patológico, eu estou indo trabalhar, eu tento assistir uma série que me absorva e faça eu parar de pensar um pouco nisso, eu saio com meu namorado para ver se me acalmo, e me cobro também, para pelo menos sair para correr para extravasar essa energia. Tem funcionado. Nem por isso a ansiedade desaparece.
Eu acho que na verdade o segredo é lidar com ela. Claro que eu to falando aqui da ansiedade “boa”, daquela expectativa que a gente tem por algo, que tira o nosso sono, mas que nos deixa com sorriso no rosto. O outro tipo de ansiedade é bem mais difícil de lidar, porque ao invés de gerar uma energia que nos deixa animados, a ansiedade “ruim” nos suga energia e nos deixa com a sensação que é melhor nem tentar, porque vai dar errado mesmo.
A ansiedade de hoje é a primeira, mas confesso que antes de estar animada, a outra ansiedade também veio me visitar, mas essa é uma outra história.