Me parece que o blog é mensal, não é mesmo?

Esses dias, fuçando nas minhas planilhas do Excel de alguns anos atrás (sim, sou a louca das planilhas), eu achei em uma dessas – para ser mais exata – na pasta de agosto de 2016, uma pequena parte onde estava escrito “expectativas“, contendo as contas e mais ou menos quanto teria que sobrar no orçamento para eu morar sozinha. Eu realmente não lembrava disso, e só fez eu ficar ainda mais feliz por depois de dois anos eu estar realizando essas expectativas da Mariane do passado.

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Eu sempre quis morar sozinha, desde muito nova queria ter minha casa, onde eu pudesse organizar as coisas do meu jeito. Ontem, conversando com uma prima mais velha, ela me disse que quando eu era criança, eu via minha tia lavando louça ou cozinhando, e logo eu pegava uma cadeira para colocar ao lado da pia e ficava lá admirando. Eu sempre gostei de organizar minhas coisas. Eu sei que parece muito egoísmo esses muitos “meus” e “minhas”, e realmente é, mas eu realmente idealizava tudo isso.

Claro que nem tudo são flores, alguns dias a casa fica bagunçada mesmo porque não dou conta, outras vezes bate a insegurança de manter uma casa, mas a sensação de abrir a porta de casa e ver que ela está me esperando de braços abertos e aconchegante, faz eu me sentir realizada.

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As pessoas ainda me perguntam: “e aí, já acostumou com a solidão?”, “tá sentindo falta da casa dos pais?” e realmente fico sem graça de responder que essa nunca foi uma questão para mim. Eu gosto de ter meu momento de solidão, essa palavra não é algo triste para mim, acho que faz parte da minha personalidade gostar do silêncio e de falar comigo mesmo em voz alta. Me faz bem.

Há um tempo atrás eu comecei a me tratar e me ver como minha melhor amiga, ainda é um pouco difícil em certas circunstâncias, porque eu me cobro bastante, mas acho que conviver mais comigo mesma, faz com que eu me force a me enxergar assim.

Há exatamente um mês eu escrevi o texto do post posterior…

Faz um mês que eu oficialmente virei adulta, porque eu não sei pra vocês, mas eu comecei a me sentir adulta conforme os boletos iam chegando no meu nome e eu não pedia mais dinheiro para meus pais, porque de resto, eu ainda me sinto como uma adolescente. Não sei se isso significa que minha adolescência foi responsável ou se é minha vida adulta que é sem juízo.

Enfim, sair de casa foi uma decisão repentina, emocional e instintiva, mas ao mesmo tempo uma das decisões mais maduras e que mais me fez quebrar a cabeça. Foi emocional e repentina, porque eu simplesmente decidi que não dava mais, sabe quando o copo tá quase transbordando, mas ainda tem refrigerante na garrafa e você dá uma olhadinha e acha que “ok, vai caber mais um pouquinho, é só forçar um pouquinho que dá”, pois é, transbordou, forcei e quase que perdi o refrigerante todo.

Quando a decisão foi tomada, fiz os prós e os contras tantas vezes que se eu fechasse os olhos veria contas e papéis na minha frente. Sabia que meus pais não iam gostar, sabia que eu deveria ter guardado mais dinheiro, sabia que se eu fosse mais ajuizada da eu deveria esperar acabar minha pós em abril do ano que vem, sabia que minha ansiedade e minha imaginação juntas ia fazer um furdúncio na minha vida.

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Mesmo assim, aceitei todos os contras, porque logo que eu falei em voz alta o que eu iria fazer, tudo começou a se encaixar: apareceu apartamento, as pessoas começaram a me dar um fogão retrô, outro uma geladeira usada, um microondas que não usava mais e quando dei por mim tava tudo certo, por isso também considero que foi uma decisão instintiva.

Lembra da ansiedade com imaginação, pois bem, tivemos vários altos e baixos, enquanto não entrei na casa, assinei o contrato e paguei a primeira parcela do aluguel, eu ainda ficava pensando que iam me tirar do apartamento, que tudo foi um engano e que eu tinha entendido tudo errado. Estou trabalhando nisso, gente! Juro! Mas estou aqui, um mês depois, não aconteceu nada de errado.

Ás vezes, a gente fica esperando o momento perfeito, a época exata, ter dinheiro suficiente, estar melhor no trabalho, colocando tantos empecilhos para fazer aquilo que a gente tem vontade que nunca iremos ter as condições ideais. Não existe momento perfeito para ser feliz, para realizar aquilo que você quer.

Me dica é: fale em voz alta, peça ajuda e corra atrás porque o resto tudo se encaixa.

Texto escrito no dia 04/06/2018

Há mais ou menos dois meses eu tomei uma decisão. Já fazia algum tempo que eu estava me sentindo cansada, eu conseguia perceber que meu comportamento não era o mesmo, não podia ser apenas “porque eu estava ficando mais velha” eram realmente questões emocionais. Eu que sempre me preocupei em ter uma mente saudável, em fazer coisas que me fazem bem, em ter um momento de descanso, mesmo quando algo no trabalho ou em casa estava indo mal. Eu não conseguia mais voltar ao meu estado de calma.

Voltar para casa me irritava, em alguns momentos eu realmente tinha taquicardia no caminho de volta, eu comecei a ficar ainda mais tempo no Rafa, saímos todo final de semana, fazia de tudo para que meu tempo em casa fosse o mínimo, e quando não havia jeito, ficava dentro do meu quarto, parada, fechada dentro de mim, mas ainda assim, não conseguia fazer dele meu refúgio.

Então, depois de fazer mil e uma contas, chorar, decidir e depois desistir, eu finalmente falei em voz alta: vou sair de casa. Veja bem, eu já tenho idade o suficiente para tomar essa decisão, já faz algum tempo, então nem um drama nessa parte, e esse sempre foi meu maior desejo desde que eu me lembro: “sair de casa” “morar sozinha”. O fator decisivo foi realmente não me sentir mais a vontade na casa dos meus pais, eu sentia que tudo o que eu falava ou fazia interferia negativamente no ambiente que já não estava muito bom por si só.

Eu chegava do trabalho, que também estava tenso, e não me sentia acolhida, não conseguia achar um momento de “respirar fundo e aproveitar o aconchego do lar”, e parecia que só a mim incomodava toda a situação, fiquei em muitos momentos me analisando, tentando entender o porquê eu era tão chata, egoísta e orgulhosa.

Então eu peguei a famosa frase “os incomodados que se mudem” e comecei a realmente pensar na ideia de ter meu próprio canto. Resumo da ópera: hoje estou aqui, escrevendo esse texto no sofá da minha sala, esperando o montador terminar de arrumar o armário da cozinha. Não vou dizer que não tenho medo ou que agora sou a pessoa mais em paz do mundo. Sei que terei que enfrentar muita coisa, mas sei também que tomei a decisão certa e que meu mundo, meu pequeno planeta, pode entrar na órbita mais natural para ele.

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Aos poucos vou sossegando…

Ainda não me mudei, falta bem pouco agora, mas parece que aquele momento de angústia inicial foi se dissolvendo. Hoje consegui fazer ioga, depois de 15 dias sem fazer [sendo que era uma rotina para mim], eu consegui me convencer que, já que não existe o botão de acelerar como no The Sims, não adianta ficar esperando as coisas se resolverem enquanto eu sento e espero vendo o tempo passar. A gente tem que viver cada etapa, e esse momento de espera, faz parte do processo de decidir sair de casa. As coisas não acontecem do dia para noite, “eu decidi morar sozinha e em um estalar de dedos as coisas vão se resolver”. Não… não é assim.

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Essa fase me faz lembrar muito minha adolescência. Eu lembro perfeitamente da sensação de angústia que eu tinha naquela época. Coincidentemente, eu também queria sair de casa naquele momento, estudava para passar no vestibular e morar fora. Eu era uma adolescente bem chata, não vou me redimir não, gostava das coisas do meu jeito, ficava irritada quando não era como eu queria, e quando havia brigas [seja eu com meus irmãos, eu com minha mãe, ou entre meus pais] eu ia para o quarto chorar e só desejava que tudo passasse muito rápido.

Quando finalmente eu passei no vestibular e meu sonho de morar fora ia se realizar, eu nem comemorei, eu tinha medo de ficar muito feliz com isso e não se concretizar, sabe? Eu só fiquei esperando as coisas acontecerem, eu meio que fiz o que tinha que fazer [juntar documentação, ligar para faculdade], mas depois disso eu não conseguia tomar nenhuma atitude, eu passava meus dias sentada no sofá, assistindo filmes que eu nem me lembro, só pra passar o tempo e realmente “começar a viver”.

Quando eu era adolescente eu tinha a nítida sensação que eu não tinha “controle da minha vida” eu me sentia uma mera expectadora, ia vivendo de forma automática, porque para mim eu só ia começar a viver de verdade, quando eu estivesse com 18 anos, na faculdade, fazendo “tudo o que eu queria viver”. Fui muito inocente? Sim, mas também hoje eu entendo essa sensação. Minha família nunca tinha me dado autonomia de verdade, meus pais resolviam meus problemas, eles me viam como frágil, quase que incapaz de lidar com as coisas e isso não era maldade, apenas era assim que minha família nos educava: meu irmão tinha que lidar com tudo e eu era protegida.

Vivendo em Campinas, resolvendo meus problemas e não deixando transparecer meu desespero em alguns momentos para minha família [para que eles não me mandassem voltar] eu aprendi a ser mais independente, a lidar com as consequências e fazer as coisas chatas de adulto: marcar médico, resolver burocracia, organizar minhas finanças. Hoje consigo cobrar mais de mim mesma essa capacidade de resolver problemas, ainda choro ou fico parada por um momento esperando que as coisas se resolvam sozinhas, sim! Alguns hábitos são difíceis de tirar, mas hoje eu sei depois das lágrimas ou da ansiedade, os problemas ainda estarão me esperando e serei eu que terei que resolvê-los.

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E quando eu ia chegar aqui para falar que eu estava mais tranquila…

Eu tenho um dia daqueles. Daqueles que você se questiona se fazer o certo é realmente o certo, porque tudo te leva a crer que não! Mas eu já sei que minha essência não muda, por mais que às vezes eu pense que seria mais fácil ser de outras maneiras, sei que não sou a pessoa que escolhe o caminho fácil [gente, parece que eu to falando de drogas ou algum crime, não é nada disso! É apenas problemas no trabalho], mas não é sobre isso que eu queria falar. É sobre como é importante saber o que te acalma, o que te deixa feliz, o que pode ser um aconchego para você.

Depois de chegar na casa do meu namorado e receber um abraço bem apertado, daqueles recarregadores de energia, eu mando mensagem para minha amiga [sobre outro assunto] e já fico mais leve, falando bobeiras e rindo de nós mesmas. Depois chego em casa e fico um tempo deixando meu pensamento voar, percorrer caminhos, sem me levar para lugar nenhum. Tomo um banho quente, tenho um minuto de spa [faço esfoliação e hidrato o corpo], sento na frente do computador, coloco uma playlist boa e venho escrever, já me sinto mais eu mesma.

O que eu quero dizer é que: é esperado que o dia, às vezes, não saia como o planejado, que por algum motivo você se estresse, se fruste, se sinta mal por inúmeros motivos, mas também é muito importante que você tenha meios de voltar para o que você realmente é. É aquilo que as pessoas falam de se “organizar mentalmente”. E cada um tem um jeito diferente, ele só precisa ser essencialmente bom para você, te fazer bem. Não pode ser, por exemplo, descontar na comida, ou contar a franja, porque nesses dois momentos você se arrependerá depois [experiência própria].

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E eu não estou dizendo também que fazer esses pequenos mimos para você é fácil, no meu caso, meus momentos de tranquilidade tiveram seus percalços também, mas esquece a perfeição, o feed perfeito no Instagram, o stories fofos de um dia incrível que você fica pensando que nunca vai ter, ou que só vai ser feliz se tiver um dia como aquele. Foca no que você pode fazer por você mesmo agora! Que seja uma comida gostosinha, arrumar a cama, ou simplesmente, assistir sua série ou filme favorito de novo e de novo e de novo. Seja uma melhor amiga para você mesmo!

Para finalizar uma tirinha maravilhosa de uma das pessoas mais engraçadas que eu sigo no Instagram

Sem título
Tirinha feita por Ivana do Dilemas da Ivana